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A volta da TIRIRICA

Posted in jardim with tags , , , , , , , , , , , , , , , , on May 30, 2009 by Cris

Aqui no Brasil, quando queremos dizer que algo acontece sempre e sempre, dizemos que é como tiririca, a gente arranca, e nasce de novo.
Recebi um comentário no primeiro post sobre a TIRIRICA, que resolvi colocar aqui, em novo post, o texto na íntegra e vejam já com nova ortografia! Sugestão de link de NANA, que comenta o primeiro post, obrigada querida, volte sempre, deixa teu link para a gente se visitar, e  esteja a vontade:

© CHÁCARAS E QUINTAIS, 15 de fevereiro de 1945, Vol.71, pág. 203-205

Começamos nossos rabiscos com uma explicação necessária. A CHÁCARAS  E QUINTAIS circula em todos os Estados e as palavras populares indicando plantas e bichos, variam de lugar para lugar. Em todo o Estado de São Paulo a tiririca, como aliás em outros numerosos Estados, é aquela praga conhecida e odiada, invasora de hortas, jardins, pomares que às vezes os torna impróprios para qualquer cultura mas no Sul esta planta é chamada junco, na Bahia e o capim de andar e assim por diante, deve ter por ai além, muitos outros nomes populares para distinguir o terrível Cyperus que é o nome botânico do gênero a que pertencem e sobre o qual desejamos conversar hoje com nossos fiéis leitores de todo o Brasil.

Até hoje esta revista só falou da ‘tiririca’ como um inimigo número 1 da lavoura e todos os artigos aqui estampados o foram pare ensinar como destruí-la (1). Hoje chamamos a atenção dos lavradores sobre qualquer lado da questão pouco ventilado até hoje entre nos. 0 meio mais eficaz para destruir uma praga qualquer é transformá-la em coisa útil ou então nela descobrir e divulgar o que quer que seja que o povo possa considerar útil. Julgamos que os Jesuítas quando ensinaram aos gentios de qua era ótimo para a saúde comerem as içás torradas, o fizeram mais para combater de um modo elegante e sumário a saúva, do que para dar um conselho de culinária ao fácil alcance dos nossos índios.

Em verdade, nunca pensamos que um dia descobríssemos qualquer utilidade na tiririca, mas os patos de nossa chacarinha de beira mar nos chamaram a atenção sobre o caso.

Criamos patos em escala mais que regular e, devido a uma quadra de mar grosso, ficamos sem mantimentos: soltamos o bando e constatamos com surpresa que os 15 dias sem farelo e milho, tinham tido efeito salutar na criação pois os patos engordaram. Estudando o caso e pesquisando, observamos o seguinte: na antiga horta invadida pela tiririca, onde os patos estavam soltos, eles com paciência e constância admiráveis usando os fortes bicos arrancavam da terra fofa os numerosos tubérculos da planta e deles se fartavam à vontade!

Logo que verificamos este fato cogitamos em divulgar a comestibilidade dos tubérculos da tiririca para que os leitores da CHÁCARA E QUINTAIS considerassem o fato cada um à vista das próprias condições, a fim de tirar dele as conclusões mais eficientes.

CHUFA
(Cyperus esculentus L.)

(1) Vejam: CRA. E QUI. de 15 de fevereiro de 1912: Como destruir as tiriricas Cyprus rutundus Linn. da autoria do saudoso agrônomo baiano Dr. Gustavo D’Utra e Como destruir juncos ou tiriricas, com desenho original do nosso douto colaborador e atual Diretor do Jardim Botânico do Rio, Sr. J. Geraldo Kuhlmann, na CHA. E QUI. de 15 de junho de 1935.

Ao gênero Cyperus pertencem numerosas plantas quase todas de aspectos de capins, muitas têxteis, outras ornamentais e não poucas regular utilidade. Bailey, na sua grande obra, dá interessantes notícias de 13 espécies, inclusive a nossa conhecida praga que corresponde ao botânico Cyperus rotundus Linn.

O Cyperus mais conhecido na Europa, e talvez o mais útil, é a espécie esculentus L. citada em todos os tratados e conhecida também com o nome de Chufa.

Floração do Cyperus esculentus L. (Segundo Bailey)

O Barão Ferd. von Mueller  escreve no “Dicionário de Plantas Úteis” (Lisboa, 1932):

Cyperus esculentus L. — Da Europa Meridional, da Ásia a de várias partes da África, produz a CHUFA ou amêndoa-terrestre, tubérculo comestível, que contém vinte e sete por canto de fécula, dezessete de óleos, e doze de substâncias sacarinas. Análises francesas dão vinte e oito por canto de óleos, vinte e nove de fécula, catorze de açúcar, sete de goma e catorze de celulose.

Não alastra como o C. rotundas e pode ser criado quase em areia. Em boa terra, a produção é sem dúvida muito superior. Cada planta pode dar 100 a 150 tubérculos, que podem servir para a alimentação, assados e crus. Torrados, servem para imitar o café. A colheita de tubérculos pode fazer-se ao fim de quatro a seis meses.

Os porcos gostam muito destes tubérculos procuram-nos e tiram-nos da terra para os comer. Pode extrair-se dele um óleo de ótima qualidade. É planta cuja aclimação nos terrenos áridos se deve tentar”.

Os leitores interessados podem até obter tubérculos desta interessante planta pedindo­os ao Sr. João Costal, em Moóca, S. P., que os vende na base de três cruzeiros ceada quatro de quilo e mais as despesas postais. 0 Sr. Costal cultiva esta planta sob o nome de Chula Doce de Hespanha ou Amêndoa da Terra e no seu catálogo escreve o seguinte sobre a cultura da mesma:

“Plante de raízes escuras, muito numerosas, emaranhadas e entremeadas de gomos engrossados que formam pequenos tubérculos ovais, escamosos e cheios de uma carne branca, farinhenta a açucarada, de saber de amêndoa. Multiplica-se esta planta em Setembro ou Outubro. Seja por meio de tubérculos, seja por divisão de brotos. Estes crescem e se estendem bastante durante o verão. Bina-se, sacha-se e rega-se. A colheita dos tubérculos se faz em Abril ou Maio. Conservam-se facilmente em lugar seco e ao abrigo das geadas. Os tubérculos secos tomam um sabor mais doce e agradável do que quando frescos. Comem-se crus ou torrados.

De grande fama é o Cyperus papyrus L. Esta planta vulgar em muitos localidades africanas, é uma das maiores ciperáceas, chegando a ter mais de quatro metros de altura. É muito ornamental e hoje muito cultivada nos países onde os frios não são muito intensos. É das mais elegantes plantas aquáticas. No Egito teve noutros tempos grande importância, pois com ela se fabricava o material sobre que foram escritos muitos documentos de valor (papiro).

Numerosos são os Cyperus de utilidade têxtil, destacando-se o C. textilis Thumb., de que assim fala o Barão Mueller, botânico oficial da Austrália: “Esta planta é vulgar em todo o continente australiano e em vários lugares da África. É própria só das terras úmidas. Na Austrália é uma das melhores produtoras de filamentos ou fibras e ótima para a fabricação de massa para papel. Como é planta vivaz, pode dar cortes anuais regularmente. É cultivada na Europa sem dificuldade (Portugal e Meio-Dia da França)”.

Na literatura estrangeira o interessado encontrará as virtudes de outros Cyperus. Na obra de M. Pio Corrêa, o interessado lerá notícias das espécies encontradiças no nosso país, nos verbetes: Capim Barba de bode, Capim Rosa, Capim de Sapo, Capim agreste, Capim botão a Capiscaba-mirim.

O Capiscaba mirim ilustrado por Manoel Pio Corrêa é um Cyperus interessante encontradiço na Amazônia, C. gracilescens Roem e Schult. Forma também pequenas tuberas globosas, de sabor acre, “outrora utilizadas para combater as mordeduras das cobras” escreve Pio Corrêa”.

Mas voltemos ao nosso Cyperus rotundus que os nossos patos acharam tão delicioso manjar. É ou não admirável  coincidência o fato de uma revista africana do norte “La Revue Française de l’arboriculture Fruitiére, em seu fascículo de março de 1944, que acabamos de receber de Casablanca, Marrocos, publicar um largo artigo dedicado ao mesmo Cyperus rotundus, que é a verdadeira TIRIRICA, enaltecendo todas as suas utilidades e declarando que seus tubérculos constituem um dos produtos alimentares analépticos mais aconselháveis próprios para restaurar as forças, combater a fraqueza, a anemia, o emagrecimento etc. e tal? 0 artigo é assinado J. Gattefosse e não nos a possível reproduzi-lo devido a falta de espaço, alias falta de papel. Apenas resumiremos alguns dos trechos mais sugestivos, a seguir.

“O óleo essencial do Cyperus rotundus foi estudado em 1931 por Hooper (Kew Bulletin) e em 1935 por Hedge et Rao (Parfumerie Moderne, 1936) mas é aconselhável que tais estudos sejam iniciados novamente, com os meios modernos de pesquisas e não mais para descobrir perfumes, pois a época não o permite, mas estudar suas virtudes alimentares.

O Cyperus rotundus .e conhecido como analéptico e afrodisíaco desde longo tempo, quando pouco desde 4.000 (quatro mil!) anos, pois foram encontrados seus tubérculos nos Lipogeus da XII dinastia do Egito; os indígenas algerianos o empregavam nesse sentido e figura como analéptico no “Repertoire des plantes Medicinales et Aromatiques d’Algerie” (1942) assim como nas Farmacopéias oficiais da França, da Dinamarca e do México.

“O Cyperus esculentus é apenas uma forma melhorada pela cultura do Cyperus rotundus, e tudo o que se diz a favor do primeiro é aplicável tal e qual no segundo”, (isto quer dizer que os tubérculos da tiririca merecem as virtudes que linhas atrás rifamos a favor da Chufa). E a favor da Chufa, escreve ainda o Dr. Gattefosse: “Na região de Valência (Espanha), a cultura da Chula é industrial; são preferidos os terrenos leves, frescos, senão úmidos, sendo que a irrigação só é praticada nos anos de secas prolongadas. Um tubérculo plantado produz anualmente diversas centenas; a colheita é feita em Setembro; duas outras capinas asseguram a limpeza da cultura.

“A Chufa é principalmente aproveitada para o preparo da Orchata, bebida preferida por todas as classes da sociedade de Valência durante a estação calmosa.

“Em ‘Les plantes alimentaires'(Vol. IV, pág. 271) D. Bois ensina como é feita a orchata:  põem-se de molho os tubérculos durante algumas horas na água; eles enchem e amolecem; num pilão tornam-se numa massa feita uma papa. Acrescente-se um pouco de água morna e agite-se formando com o óleo que contém uma emulsão que logo é tamisada e separada por filtragem a suspensão coloidal, é esta açucarada e perfumada com canela. A orchata assim obtida é bebida fresca ou gelada em sorvetes.

“Os tubérculos deste Cyperus, segundo Pieraerts, são também usados na Espanha para o preparo de um azeite de mesa de primeira ordem e com a qualidade de nunca rançar. “De acordo com o mesmo Pieraerts os tubérculos de Cyperus esculentus contém: matérias graxas 22%; matérias azotadas (a dizer amido, açúcar etc.) 49,93%. “Estes eloqüentes algarismos explicam o alto valor analéptico deste tubérculo, e também os efeitos afrodisíacos que haviam chamado a atenção dos antigos (Vitamina E) e que explicam o nome de Cyperus, tirado do grego “Cypeiros” de Cypris ou Vênus”. (Se a análises dos tubérculos da TIRIRICA Cyperus rotundus L. confirmar a análise do C. esculentus, seria um grande benefício para a colheita de quanta batatinha aparecer, facilitando a destruição da praga!).

Depois de ter rabiscado as linhas acima, mandamos arrancar uma boa porção de tubérculos de tiririca que aflige nossa chacrinha. São três quilos bem pesados e os estamos despachando ao Sr. Jorge Americano, magnífico Reitor da Universidade de São Paulo e diretor dos Fundos Universitários de Pesquisas para a Defesa Nacional.

Sabe-se que um dos seus primeiros empreendimentos foi o estudo minucioso e rigorosamente técnico da composição química e do valor vitaminoso dos alimentos brasileiros. a fim de que sejam organizados racionalmente dietas para os soldados e trabalhadores e também para quantos operam na retaguarda. Os estudos até aqui realizados têm sido da maior relevância, demonstrando a importância nutritiva e a riqueza em vitaminas de vários nossos produtos. Achamo-nos talvez na presença de um alimento analéptico de grande alcance – eis o motivo da CHÁCARAS E QUINTAIS desejar modestamente colaborar no assunto facilitando com tão modesto material e chamando  sobre ele  a atenção inteligente e patriótica dos nossos cientistas pesquisadores.

FONTE: http://www.ao.com.br/m_tiriri.htm

Amei essa matéria, recomendo uma visita no link se você gosta de pássaros. Se não entende nada disso, é bão tamém. Visite mesmo, tem altas dicas! Meu Nono amaria tudo que tem nesse link, ele adorava pássaros, com ele aprendi tudo que sei sobre canários, pintasilgos, e curiós 🙂 gente amei esse link. Muito obrigada NANA 😀

Chufa! A nossa tiririca

Posted in jardim, Vídeos with tags , , , , , , , , on November 10, 2007 by Cris

Chufa… a nossa tiriricaAqui chamamos de Tiririca, na Espanha chamam de Chufa. Tem aos montes na minha futura horta, tem por todo quintal, pela rua, em qualquer lugar com terra, se vê a famosa tiririca, uma vizinha dada a conhecer muitas ervas medicinais, disse que essa planta deveria ser estudada, pois certamente serviria para salvar vidas, curar doenças. É coisa de Deus uma plantinha ser tão resistente, e o sinal dos pássaros ela também tem, os pardais gostam de suas sementes. Dizem que tudo que eles comem é bom.

Fui no Google “caçar” utilidades para ela, descobri coisasCyperus esculentus muito legais, primeiro a Continue reading